Fernanda Cruz
Da Agência Brasil, em São Paulo
Uma pesquisafeita com amostras de bebidas alcoólicas clandestinas, como
cachaças de alambique, uísques falsificados e licores artesanais,
apontou a presença de substâncias tóxicas como cobre, metanol e
carbamato de etila.
O estudo foi feito em sete municípios de São Paulo e Minas Gerais pelo
Cebrid (Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas), da
Unifesp (Universidade Federal de São Paulo). Além do Brasil,
participaram da pesquisa países como Rússia, China, Índia, México e Sri
Lanka.Os resultados foram apresentados nesta terça-feira (30) durante um
simpósio sobre o assunto em São Paulo.
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Patricia Stavis/Folha Imagem
Estudo da Unifesp mostra que bebida clandestinas, como cachaça de alambique, contém substâncias tóxicas para a saúde
Para as análises brasileiras, foram consideradas 65 amostras de bebidas
(51 somente de cachaças) colhidas nas cidades de São Paulo e Diadema,
na região metropolitana de São Paulo, durante o ano de 2010. Dessas, 61
foram obtidas entre consumidores e vendedores informais. O restante foi
pego diretamente com produtores. "Coletamos, principalmente, as
[bebidas] que achávamos que eram falsificadas. Quando tinham rótulos,
não tinham selo de garantia do Ministério da Agricultura e os preços
eram muito baixos", explicou Elisaldo Carlini, professor do Cebrid e
coordenador do estudo.
Outras 87 amostras (63 apenas de cachaças) foram obtidas em cinco
cidades de Minas Gerais, entre elas a capital Belo Horizonte, além de
cidades famosas pela produção da bebida, como Passa Quatro e Salinas. As
bebidas foram colhidas entre 2011 e 2012, em bares e festas e com
vendedores de rua.
Bebida com metanol e cobre
De acordo com Carlini, um dos elementos tóxicos encontrados nas
amostras foi o metanol, tipo de álcool altamente tóxico e que, se
ingerido, pode causar cegueira e até levar à morte. Entre as amostras
mineiras, em 25 do total de 87 garrafas foi encontrado metanol, mas
nenhuma das amostras ultrapassou o limite permitido de 200 partes por
milhão (ppm), disse Carlini. Das amostras paulistas, 24 das 54 que foram
levadas para análise apresentaram o álcool tóxico, mas apenas uma
amostra de vinho registrou índice acima do limite legal.
Outro elemento presente nas bebidas foi o cobre, que pode prejudicar a
absorção de minerais no organismo. O elemento foi encontrado em 11
amostras de São Paulo e em 15 das mineiras. Algumas estavam muito acima
do limite legal, de 5 ppm, chegando a 26 ou 27 ppm.
O carbamato de etila, um agente cancerígeno, também estava presente em
65 das 87 bebidas de Minas Gerais. “Em algumas amostras, [a
concentração] era tão grande que dava para saber que estava exagerado”,
concluiu o pesquisador.
Outra irregularidade constatada foi que a concentração alcoólica de 27
das 51 amostras de cachaça de São Paulo e de 30 das 63 amostras de
cachaça de Minas Gerais ficaram abaixo do que determina a lei. "Ficamos
surpresos. Não sabemos se isso é ruim ou se é bom, nós só sabemos que
não está legal."
Consumo de álcool
Além de analisar as bebidas, o estudo ouviu 430 adultos do Estado de
São Paulo e 564 de Minas Gerais. Os participantes eram,
majoritariamente, homens com idades entre 18 e 30 anos e nível de
escolaridade entre nível médio e superior. A maioria dos entrevistados,
60,1% dos mineiros e 96,3% dos paulistas, declarou consumir álcool.
O tipo de bebida mais frequente foi a cerveja, seguido pelo vinho. A
cachaça ficou em terceiro lugar como a mais consumida em Minas Gerais e
em quarto entre as preferidas dos paulistas. As razões apontadas pelo
estudo para o alto consumo da cachaça foram o preço baixo e o fácil
acesso à bebida.
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