A Paraíba só existe na desgraça. preciso que algo de muito ruim ocorra para que as autoridades nacionais lembrem-se daquele pequeno Estado vizinho a Pernambuco, nosso primo rico. Ou damos manchete pela seca que briga meninos a comer calangos ou ganhamos o horário nobre quando a chuva vem arrasadora e acaba nossas cidades. Fora disso não existimos . Somos apenas um insignificante Estado nordestino que nem se quer teve representantes no "Mensalão", escândalo político e financeiro que abalou a república de Lula.
Choveu abundantemente , uma chuva anunciada até pelos órgãos estaduais. Ninguém moveu uma palha para prevenir o desastre que se avizinhava , ninguém procurou saber se açudes ou Barreiros aguentariam a força das águas. Passada a tormenta vem o caos. Gente desabrigada, casas levadas, pessoas mortas e aí sim, a presidente Dilma telefona emocionada ao governador , o Ministro dos Transportes sobrevoa a área atingida e todos prometem melhores tempos.
Perguntem aos moradores de Alagoa Nova se os bons tempos vieram depois da tragédia de Camará. Nunca vieram. Não fosse a acção do governo Cássio, a época, ainda hoje eles estariam morando em barracas e comendo cestas básicas, pois nem um centavo dos milhares reais prometidos sob a comoção do desastre chegou ao seu destino. Vivemos essa dualidade cruel. Ou nos mata a seca ou nos afoga o rio, isso desde os tempos imemoriais.
Deve haver alguma maneira de impedir ou minimizar essas inundações. Os chineses conseguiram domar seu maior rio que provocava estragos nas colheitas e hoje corre cerceado entre margens e diques ajudando a agricultura. Mas, isso é na China, bem distante dessa Paraíba que só ganha notoriedade pelos crimes bárbaros, pela fome histórica ou pela surpresa das águas.
Da Coluna PÃO & CIRCO
Marcos Tavares
Jornal da Paraíba
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