A presidente Dilma
Rousseff promulgou nesta quinta-feira à noite o texto que estipula as regras
para divisão dos royalties de petróleo com seus vetos derrubados. A mensagem de
derrubada dos vetos chegou hoje ao Palácio do Planalto e a partir das 11h desta
manhã, a presidente tinha 48 horas para promulgar a lei com os vetos
derrubados. A nova versão da Lei dos Royalties será publicada amanhã no Diário
Oficial da União. A partir de agora, os governos de Estados produtores de
petróleo podem entrar no Supremo Tribunal Federal (STF) contra essa divisão,
que beneficia Estados não produtores.
Após a promulgação,
entrará em vigor uma nova fórmula de distribuição dos royalties provenientes da
exploração do petróleo que retira parte dos recursos dos Estados produtores
(Rio de Janeiro, Espírito Santo e São Paulo) e da União, para dividi-los de
forma mais igualitária entre todos os Estados brasileiros. Os governos do Rio
de Janeiro, Espírito Santo e São Paulo anunciaram na semana passada que
entrariam com ações diretas de inconstitucionalidade (Adin) assim que a lei
fosse promulgada.
Os vetos derrubados
pelo Congresso no dia 7 de março foram editados por Dilma no fim de 2012. Eles
referiam-se principalmente a dispositivos que tratavam da divisão desses
recursos em contratos que estão em operação, o que foi encarado pelo governo
como inconstitucional e motivou até a edição de uma medida provisória.
No último dia 7, 63
senadores e 405 deputados votaram, sendo que 54 senadores optaram pela
derrubada dos vetos. Na Câmara, houve diferença de resultado porque nem todos
os deputados votaram igual. Mesmo assim, os itens que tratavam da mudança dos
percentuais de distribuição do dinheiro foram derrubados (todos por mais de 340
votos).
Entenda
A polêmica sobre a
divisão dos royalties do petróleo do pré-sal começou quando o governo decidiu
criar um novo marco regulatório para a exploração do óleo no País, determinando
que os campos do pré-sal fossem licitados pelo regime de partilha e não mais
por concessão.
Os parlamentares
dos Estados não-produtores viram na mudança uma oportunidade de fazer uma nova
divisão dos royalties entre Estados e municípios, sem qualquer privilégio para
os Estados produtores - Rio de Janeiro, Espírito Santo e São Paulo -, mexendo
inclusive nos contratos já em vigor. Aprovada pelo Congresso, essa nova divisão
foi vetada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2010.
No governo Dilma,
os parlamentares dos Estados não-produtores voltaram à carga e aprovaram mais
uma vez uma nova divisão dos royalties no ano passado, o que foi vetado pela
presidente. Esse foi o veto derrubado na madrugada de quinta-feira, dia 7 de
março, quando os parlamentares derrubaram todas as negativas da presidente
referentes ao assunto, o que incluía 142 dispositivos rejeitados. Com isso,
deputados e senadores de Rio de Janeiro, Espírito Santo e São Paulo - os
Estados produtores - já preparam uma ofensiva na Justiça para tentar anular
essa votação e fazer prevalecerem os vetos da presidente, o que os beneficia.
Pelo texto mais recente
- que não conta com os vetos de Dilma -, Estados e municípios não produtores de
petróleo ganham mais dinheiro com royalties e participação especial. Neste
cenário, Rio de Janeiro e Espírito Santo alegam que terão perdas superiores a
R$ 3 bilhões apenas em 2013. Parlamentares fluminenses e capixabas também
contestam a mudança feita na distribuição dos royalties nos contratos já
assinados e argumentam que isso causa insegurança jurídica.
Para preencher as
lacunas deixadas pelos vetos, a presidente enviou ao Congresso uma medida
provisória (MP) que destina 100% dos royalties para investimentos em educação e
restabelece os percentuais de participação especial e royalties aprovados no
Congresso para contratos já assinados e firmados a partir da data da vigência
da MP, que é de 03 de dezembro de 2012. Essa medida está em tramitação no
Congresso. Porém, se os vetos presidenciais forem realmente derrubados na
Justiça, a divisão dos recursos estabelecida pela MP fica invalidada. A
expectativa é que apenas os recursos para educação sejam aprovados.
No final de 2012, o
ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), concedeu uma liminar que
suspendeu sessão do Congresso que analisaria o veto presidencial sobre os
royalties, baseado principalmente em erros que determinaram a análise do veto
referente ao pré-sal antes de mais de outros 3 mil vetos que aguardavam votação
no Congresso. A sessão do Congresso que derrubou o veto de Dilma só foi
realizada depois que o plenário do próprio Supremo derrubou a decisão liminar
de Fux. Agora, as bancadas dos Estados produtores querem uma nova liminar para
cancelar o processo de votação dos vetos presidenciais.
Do portal Terra
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