Rafael Targino
Em São Paulo
Em São Paulo
O procurador da República Oscar Costa Filho afirmou nesta sexta-feira
(9) que o MEC (Ministério da Educação) foi informado pela Polícia
Federal que mais alunos tiveram acesso às questões do pré-teste do Enem
(Exame Nacional do Ensino Médio) 2011 antes da prova. O ministério já
anulou esses itens para 639 alunos do Colégio Christus, de Fortaleza.
Segundo Costa Filho, os alunos do cursinho também tiveram acesso aos
itens. O Inep (Insituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais),
órgão ligado ao MEC e responsável pela aplicação da prova, teria sido
comunicado após enviar uma carta à polícia questionando se havia
indícios de que mais gente teria tido acesso às questões.
"O MEC já está sabendo. Os alunos que tiveram acesso não são só aqueles
639. O próprio delegado informou, os alunos do cursinho do Christus
[viram as questões]", diz.
O ministério admite que enviou a correspondência à Polícia Federal há
cerca de 15 dias. Questionado o porquê de mandar a carta tanto tempo
depois da anulação dos itens, a assessoria do órgão diz não saber o
motivo.
No entanto, o MEC afirma que as informações que recebeu da PF não
seriam suficientes para provocar mais anulações. As respostas dadas pela
polícia, diz o órgão, não seriam “conclusivas”. “A resposta da Polícia
Federal manteve o entendimento do INEP de que a anulação das 14 questões
deve ficar restrita ao universo de alunos do Colégio Christus”, afirma o
ministério, em nota.
No dia 6, a Procuradoria da República no Ceará enviou um ofício à
presidente do Inep, Malvina Tuttman, recomendando a anulação das 14
questões em todo o país. Tuttman tem dez dias para se manifestar.
Informações "privilegiadas"
O MPF (Ministério Público Federal) trabalha com a hipótese de que
funcionários do próprio Inep teriam deliberadamente colocado no Enem
2011 as questões que estavam nos pré-testes aplicados no Christus.
De acordo com a procuradora da República Maria Candelária Di Ciero, há
"veementes indícios de que o vazamento do Enem 2011 não se teria
consumado sem a concorrência a informações privilegiadas oriundas de
atores e processos sob responsabilidade do Inep/MEC, o que afasta a
hipótese de um fenômeno que teve início e fim, exclusivamente, no
âmbito local".
Questionado, o MEC afirmou que "vê nenhuma ação deliberada no sentido de colocar as questões de forma proposital".
Nenhum comentário:
Write comentáriosO Blog Não irá se responsabilizar por comentários ofensivos.