Danielle Kiffer
Da Agência Faperj
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Embrapa/Divulgação
Máquina "recicla" bagaço de cana e produz farinha para salgadinhos nutritivos; à direita, biscoito feito com farinha de arroz e casca de maracujá
De salgadinhos a sopas instantâneas, passando por bebidas, o
aproveitamento de resíduos industriais pode contribuir para a produção
de alimentos de qualidade e, ainda por cima, mais baratos.
Carlos Wanderlei Piler de Carvalho, pesquisador da Embrapa
Agroindústria de Alimentos, coordena projeto que reaproveita bagaço de
cana de açúcar, de cevada, cascas de maracujá e arroz quebrado para
desenvolver alimentos nutritivos, saborosos, funcionais e,
principalmente, a custos mais baixos.
"Além de oferecer um destino para rejeitos produzidos nas indústrias
sucroalcooleira, de sucos e de cerveja, representa também vantagem
econômica para quem produz e para quem consome, além de ser benéfico
para o meio ambiente", explica Piler.
A técnica utilizada para a produção desses alimentos já é conhecida.
Apesar do nome pouco sonoro, a extrusão termoplástica - processo de
tratamento térmico, que por uma combinação de calor, umidade e trabalho
mecânico, modifica profundamente as matérias primas, dando-lhes novas
formas, estruturas e características funcionais e nutricionais - tem
resultados bastante apreciados.
Na máquina extrusora podem ser colocados junto à farinha de arroz,
separadamente, o bagaço da cana de açúcar, o da cevada ou a casca de
maracujá. Submetidos a altas temperaturas, que podem superar os 120º
Celsius na hora do cozimento, o produto é moldado em formato de
salgadinho ou cereal matinal.
"Para obter diversos efeitos no produto final, podemos alternar a força
mecânica e a temperatura e adicionar outros ingredientes. Para que um
biscoito fique mais aerado e crocante, por exemplo, incluímos mais
farinha de arroz. Esta mistura também é necessária para que os produtos
tenham mais sabor, além de melhor textura", diz o pesquisador.
De acordo com Piler, o produto mais difícil de ser processado é o
bagaço da cana, por ser bastante fibroso. "Ele contém cerca de 30% de
lignina, a mesma fibra da casca das árvores. Mas seu alto teor de
celulose, parte de fibra insolúvel, traz benefícios para o consumidor,
ajudando a regular o intestino. Além disso, ele possui um sabor
adocicado", garante o pesquisador.
Com a farinha do bagaço da cana ou com o da cevada, ricos em fibras, é
possível desenvolver pães, biscoitos e sopas. Já a farinha da casca do
maracujá serve para criar bebidas cremosas e biscoitos. O pesquisador
orienta um grupo de doutorandos que estuda a fabricação de uma bebida
nutritiva à base de cereais, entre eles o arroz.
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