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quarta-feira, 21 de março de 2012

Governo troca cisternas de cimento por reservatórios de plástico

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Do Globo Rural
com: Blog Fala Prefeito


O governo iniciou este ano um programa para acelerar a instalação de cisternas no sertão do Nordeste. Mas os novos reservatórios de água, feitos de plástico, estão provocando muita polêmica.

As cisternas têm hoje uma importância fundamental para o abastecimento de água potável das famílias que moram no sertão do Nordeste. Na época das chuvas, a água que cai no telhado das casas é dirigida para uma canaleta. Depois, o líquido segue para um tubo de plástico que vai até o tanque, onde fica armazenado.


A cisterna mais usada pelos pequenos agricultores é feita com placas de cimento. O modelo foi implantado no começo dos anos 90. Hoje, em todo o semi-árido brasileiro mais de dois milhões de pessoas sobrevivem com a água desses reservatórios.


A agricultora Maria dos Santos, que vive em um sítio do município de Bodocó no sertão de Pernambuco, ganhou uma cisterna há cinco anos. “É uma água de boa qualidade. A chuva quando vem, a gente economiza e dá para o ano”, diz.


Este ano, surgiu uma novidade no sertão de Pernambuco: as cisternas de plástico ou de polietileno. A primeira foi instalada na propriedade do agricultor Fernando Silva, no município do Cedro. O reservatório, que foi uma doação do governo federal dentro do programa Água Para Todos, armazena 16 mil litros e é de manutenção mais fácil. “Leva mais água e para lavar é melhor”, diz.


Apesar da facilidade, os novos reservatórios vêm sendo criticados por algumas entidades na região. A primeira crítica é quanto ao custo. A cisterna de concreto, que é mais barata, custa em torno de R$ 2,2 mil. O preço da cisterna de polietileno, colocada na propriedade, sobe para R$ 5 mil.


As cisternas tradicionais, construídas com placas de concreto feitas pela comunidade, geram emprego porque contratam mão-de-obra local. Já as de polietileno chegam prontas da industria e são instaladas no campo.


A ONG conhecida como ASA, Articulação do Semi-Árido, é uma das organizações que se opõem à novidade. “A cisterna precisa vir com todo esse processo de mobilização, de construção da cidadania, de todo esse conjunto de pessoas que participam do programa”, explica Paulo de Carvalho, coordenador da entidade.


O Ministério do Desenvolvimento Social, que administra o programa Água Para Todos, reconhece esse problema com o uso da mão de obra, mas defende as cisternas de plástico. “É preciso que se olhe o programa como um todo. A cisterna de plástico é de mais rápida instalação, mas não gera tantos empregos como as de placa. Para chegar à escala de 750 mil cisternas até 2014 precisamos de outras tecnologias e é a de polietileno que está disponível”, esclarece Rômulo Paes, secretário executivo do ministério.


Além dessa polêmica, apareceu outra reclamação com as cisternas de plástico colocadas em Pernambuco no inicio deste ano. Há denúncias de que elas não suportam o peso das chuvas e o calor excessivo do sertão. Foi o que aconteceu no município do Cedro com o agricultor Arlindo Mariano. “Quando veio a primeira chuva ela desceu um pouco. Na segunda chuva, ela desceu mais. Na última chuva que deu mais forte ela desceu completa. Afundou geral. Eu liguei para o pessoal do sindicato, eles vieram averiguar e antes de 24 horas trocaram por uma nova”, diz.


O defeito também ocorreu na propriedade do agricultor Jacinto do Nascimento. A parte superior da cisterna cedeu com o peso das chuvas. O reservatório com defeito trocado rapidamente.


A colocação desses reservatórios de plástico no semi-árido está sendo feita pela Codevasf, Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco. O presidente da empresa Guilherme de Oliveira diz que foi feita uma apuração do caso. “Esse afundamento deve ter sido causado por pessoas que subiram na cisterna. Elas não teriam condições de afundamento se não viesse um esforço superior que viesse a trazer esse problema”, explica.


O presidente da Codevasf diz que pediu ao fabricante um reforço na estrutura superior do reservatório. “Fazendo um travamento superficial com treliças do próprio material, o que faz com que essa possibilidade de ela ter um esmagamento superior seja praticamente nulo”, conclui Oliveira.


A empresa que ganhou a concorrência para fornecer as cisternas para o governo diz que os problemas são pontuais e que foram entregues até agora cinco mil cisternas e somente essas duas apresentaram defeito.

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