A entidade busca no Congresso apoio para alteração do Código Tributário
Nacional e extinção dos coeficientes 0.6 e 0.8, passando os Municípios
automaticamente a 1.0, com aumento significativo dos recursos do Fundo de
Participação dos Municípios (FPM)
A União Brasileira de Municípios (UBAM) estará apresentando esta semana na
Câmara dos Deputados, através de parlamentares que integram a bancada
municipalista, uma proposta para alteração da Lei nº 1.881/81, o que poderá
modificar o Código Tributário Nacional, objetivando corrigir as partilhas dos
recursos do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), prevendo um aumento de
2,3 bilhões de reais. Uma das modificações é a extinção dos coeficientes 0.6 e
0.8, passando automaticamente os Municípios para o coeficiente 1.0, aumentando
os seus recursos, oriundo das transferências constitucionais, em mais de
30%.
Como é definido o coeficiente para cada município?
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, órgão responsável
pela realização do Censo Demográfico, faz o levantamento do número de habitantes
de cada município e o informa ao TCU. Após análise dessas informações, o TCU
estabelece o coeficiente individual de participação para cada município, com
base no disposto no Decreto-Lei nº 1.881/81. O coeficiente mínimo, 0,6, é válido
para municípios com até 10.188 habitantes. Para municípios que têm mais de
10.188 habitantes e menos de 156.216, foram definidas 16 faixas populacionais,
cabendo a cada uma delas um coeficiente individual. Para todos os municípios do
interior com mais de 156.216 habitantes foi determinado o coeficiente
4,0.
Segundo a UBAM, as prefeituras brasileiras, sobretudo as menores, vêm
acumulando, ao longo de três anos, diminuição significativa nos repasses das
transferências constitucionais. Mesmo com registro de leve recuperação do nível
de recursos recebidos, a entidade lamentou que isso não foi o suficiente para
corrigir os distúrbios financeiros causados pelo acúmulo de diminuições
anteriores, que só seria possível se o governo da União repusesse, através de um
repasse extra, cerca de três bilhões de reais e promovesse um “encontro de
contas” entre todos os Municípios e o INSS, já que o órgão tem uma dívida
estrondosa com as prefeituras que ultrapassa 25 bilhões de reais, mas que
continua onerando injustamente os cofres públicos municipais.
Segundo o presidente da UBAM, Leonardo Santana, a diminuição da capacidade
financeira dos Municípios prejudica as ações que visam garantir a educação, bons
serviços de saúde e a promoção do bem estar social de suas populações, fato
comprovado pela explosão de criminalidade e violência, devido a falta de
políticas públicas sociais. Essa evasão de recursos se deu por conta da redução
da arrecadação do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), depois do
programa de renúncia fiscal do governo federal, que vem se propagando todos os
anos. Houve também drástica redução na arrecadação de Imposto de Renda e da
Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). O arrecadado com os dois
impostos caiu 50% no quarto trimestre do ano passado. As desonerações, que
tiveram impacto de R$ 17,3 bilhões nos oito primeiros meses de 2011, leva em
conta tanto as reduções de impostos decididas após a crise como outras
desonerações em vigor.
A arrecadação do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para
automóveis, que teve a alíquota reduzida em dezembro do ano passado para
veículos de até 2 mil cilindradas, caiu 75,79%, descontado o IPCA, entre janeiro
e agosto. Para os demais produtos, a queda real chegou a 27,24%, influenciada,
principalmente, pela desoneração para materiais de construção e produtos da
linha branca (fogões, geladeiras, máquinas de lavar e tanquinhos).
Leonardo lamenta que não haja uma reação mais forte, por parte do Congresso
Nacional, para coibir, o que ele chama de “desestabilização das gestões públicas
municipais”, pois, segundo ele, o governo faz o que quer com as receitas que
deveriam ser repassadas para os Municípios, diminuindo impostos e mantendo as
contribuições, as quais os Municípios não têm direito de receber, sendo, por
isso, que existem tantos programas lançados pelo governo federal, algo que
deveria ser de prerrogativa dos Municípios, já que todos os serviços à população
precisam ser municipalizados, para garantir seu melhor aproveitamento, já que a
gestão municipal está mais perto da população.
A UBAM espera que a proposta de reformulação do pacto federativo seja
discutida no congresso nacional, para uma ampla alteração no Código Tributário
Nacional, objetivando aumentar a participação dos Municípios na partilha dos
recursos que formam o bolo tributário, que só nestes primeiros meses do ano já
arrecadou 448 bilhões de reais, repassando apenas R$ 29,6 bilhões para os
Municípios.
“É preciso estabelecer uma relação mais adequada entre o governo e as
prefeituras, para que as administrações municipais sejam fortalecidas com mais
recursos, a fim de viabilizar o atendimento as populações, quanto a prestação de
serviço de qualidade na saúde, na educação e no combate a pobreza, além de
poderem os gestores cumprirem a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) que limita
gastos com a folha de pessoal das prefeituras.
O presidente da UBAM acredita que a proposta da entidade terá o apoio dos
deputados e senadores, já que a entidade tem mantido uma presença marcante no
Congresso Nacional, com assessoria permanente junto aos parlamentares. Ele
destacou que essas medidas surtirão um efeito muito positivo nas contas das
prefeituras e não será ônus nenhum para o governo da União, pois seus cofres já
não cabem mais tanto recurso.
assessoria
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