Agência Brasil
Brasília – Foi aprovado hoje (23) na Comissão de Ciência e Tecnologia do
Senado (CCT) o Projeto de Lei 556/07, que permite às rádios comunitárias
receberem recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
(BNDES). O financiamento poderá ser usado para aquisição de equipamentos,
modernização das instalações ou para a produção de programas culturais e
educativos, assim como cursos de formação profissional.
O senador Walter Pinheiro (PT-BA), relator do projeto na CCT, justifica o
parecer favorável lembrando da dificuldade que as emissoras comunitárias têm
para se manter.
“Havia a lacuna do financiamento. As rádios comunitárias não podiam ter
acesso a recursos principalmente para aquisição de equipamentos, para
melhoramentos, e até gozar de benefícios da legislação existente”.
O texto foi aprovado em caráter terminativo. Se não houver manifestação para
que o projeto seja analisado em plenário, a proposta segue para a Câmara dos
Deputados.
A professora Cicilia Krohling Peruzzo, da Universidade Metodista de São
Paulo, que faz pesquisa na área de comunicação comunitária, considera o projeto
um avanço, mas que não resolve o problema, já que essas rádios, que são
instituições sem fins lucrativos, terão que pagar o financiamento.
“Em um primeiro momento me parece uma questão bem interessante, no entanto,
resta saber sobre o retorno desse financiamento ao banco. Na modalidade atual,
as rádios comunitárias, com raríssimas exceções, não teriam como estar, depois,
pagando esse financiamento, devolvendo ao banco, não tem entrada de
recursos”.
Pelo texto do projeto, o financiamento será concedido com prazo de até dez
anos, carência de dois anos e correção pela Taxa de Juros de Longo Prazo
(TJLP).
A professora defende que seja criado um fundo de apoio para as rádios
comunitárias, com critérios para que possam ser passados recursos, a fundo
perdido, para emissoras que têm papel significativo em suas localidades.
Também foi aprovada na CCT o Projeto de Lei 629/11, que permite que rádios
comunitárias recebam recursos por meio da Lei de Incentivo à Cultura. Na opinião
da professora Cicilia, isso seria uma solução melhor do que o financiamento.
“É outra rubrica. Aí sim é um apoio para o crescimento das emissoras,
melhoria, outro tipo de aporte”.
De acordo com o Ministério das Comunicações, rádio comunitária é uma emissora
de baixa potência que serve de canal de comunicação dentro de uma comunidade,
para a divulgação de ideias, manifestações culturais e hábitos sociais, sendo
aberta à participação da população local. É necessário ter uma outorga para
funcionar e a emissora não pode ter fins lucrativos nem ser vinculada a
entidades como partidos políticos e instituições religiosas.
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