Ao menos dois cidadãos brasileiros estão sob custódia das autoridades
britânicas sob acusação de ter participado da recente onda de saques e
vandalismo que assolou cidades do Reino Unido, segundo jornais
britânicos, entre eles o "Guardian".
Anderson Fernandes, 22, e Leandro Santos, 21, serão julgados nos
próximos dias por um tribunal de Manchester, norte do país. Ambos
tiveram fiança recusada pelo juiz.
O caso mais grave é o de Fernandes, que teria se envolvido nas
manifestações violentas do último dia 8, logo após sair de uma audiência
na qual respondia pela acusação de porte de armas e drogas químicas.
Fernandes teria sido visto aproveitando o tumulto dos protestos em
Manchester para entrar numa confeitaria, onde, segundo relatos, roubou
duas bolas de sorvete.
"Ele pegou uma casquinha e se serviu com duas bolas de sorvete de café e
saiu da loja. Ele então entregou o sorvete para uma mulher porque ele
não gostou do sabor", disse o procurador Kevin Rodgers.
Segundo o procurador, há evidências de que Fernandes pensou em levar uma
grande quantidade de sorvete para distribui-lo aos saqueadores.
Fernandes também responderá por tentar vender objetos que haviam sido
roubados em meio ao protestos. Já Santos, ainda de acordo com a imprensa
britânica, teria sido preso em flagrante com outras 40 pessoas que
teriam roubado US$ 50 mil em mercadorias de uma joalheria.
EXCESSOS DA JUSTIÇA
Apesar da comoção causada pelos protestos, cuja origem parece mesclar
revolta social e sentimento de discriminação por parte dos imigrantes,
cresce a polêmica acerca da resposta das autoridades.
Um dos casos mais controversos envolve a condenação de dois jovens a
quatro anos de prisão por colocarem no Facebook incentivos a saques, em
sintonia com as punições implacáveis pedidas pelo governo.
Advogados, políticos e grupos de direitos humanos dizem que os juízes
estão sendo influenciados pelo governo e por parte da sociedade, que
pedem punições duras para servir de exemplo.
Além da severidade, muitos criticam que não há proporcionalidade. Os
dois jovens foram condenados apesar de ninguém comparecer aos atos
convocados por eles.
Colaborou VAGUINALDO MARINHEIRO, de Londres
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