O PLASTIFICADO E O PÉ-DE-SERRA

O PLASTIFICADO E O PÉ-DE-SERRA

O cantante Chico César levantou a questão dos chamados forrós de plástico que vindos do Ceará tomaram o Brasil de assalto com suas cantoras artificialmente louras e seus pares rodopiantes. é tudo igual pouco criativo e sobretudo caro. Muita gente contestou Chico por estar ele indo contra uma onda popular, ou seja contra a vontade do povo que lota estádio para ver estas bandas de cabeludos e popuzudas cantarem nulidade. Eu acho que esta história de povo é meio furada e desconfio do gosto da multidão depois de ver Hitler e Castro sendo aplaudidos.

Acontece que esse forrós ao fazerem sucesso não dependem nem nasceram do povo. Eles foram criados em gabinetes refrigerados onde os papas das gravadoras se põem a inventar modas novas, como o pagode "mauricinho", os raps da periferia ou os sertanejos pasteurizados. São eles quem decidem o que as rádios tocam, o que as novelas vão usar como trilha e fazem a música explodir e cair no inconsciente popular. É assim que se constroem se destroem sucessos.

 Por outro lado é preciso ter a mente aberta às mudanças, não virar a cara apenas porque o forró é feito na base da guitarra ou de outro instrumento eletrônico, A "inteligência nacional" já fez isso com a Jovem Guarda e hoje se reconhece seu valor na sua época até os mais ortodoxos se encantam ao ouvir "Banho de Lua". O forró, como qualquer arte está vivo e sujeito à mudança e as mudanças virão queiramos ou não.

Cabe ao Estado proteger e zelar pelo patrimônio cultural sob sua responsabilidade seja ele música, artesanato ou qualquer outras manifestação. Por isso o forró pé-de-serra que não tem público nem marketing precisa mais da verba pública que as milionárias bandas hodiernas que ganham seus trocados pelos rodeios da vida até que as gravadoras decidam que chegou a hora e recolham o lixo da história as louras rechonchudas e os meninos de longa cabeleira que invadiram os palcos. 

 

 Da coluna : PÃO&CIRCO 
 Jornal da Paraíba
Por : Marcos Tavares